quinta-feira, novembro 08, 2007

Fábrica de adultérios

Há muito não escrevo, vontade não seria o problema, assunto muito menos. Pois é, prioridade é um lance complexo, mas não uso este espaço pra desabafos nem pra falar de mim, e sim das coisas que incomodam, principalmente aquelas que infelizmente vamos nos acostumando e assimilando com naturalidade, as brutalidades do dia-a-dia que ao passar do tempo cremos ser normais.

Nunca imaginei que um dia eu escreveria aqui sobre a novela das oito, justo eu que por mais de cinco anos não sei o que é ouvir rádio, mesmo sendo apaixonado por música. E cada dia mais eu fico alheio a tal televisão também. É na mesma proporção que vejo crescer minha aversão ao consumo de "enlatados" ou da suposta produção cultural podre que nos empurram goela à baixo, sempre com a nobre finalidade de ganhar dinheiro, muito dinheiro.

Poderia divagar linhas e mais linhas sobre como assisto aos filmes que gosto, as musicas que me alimentam a alma e quais as alternativas que a internet e a pseudo-democratização cultural que a pirataria acaba promovendo.

Mas invariavelmente eu rabisco aqui as minhas indignações e eis que estou completamente puto com a televisão e com o que eu vi em um único bloco daquilo que me enoja e incrivelmente é o tal auto-retrato da sociedade brasileira. A tal novela. Vira e mexe tentam inserir o cotidiano e as questões que poderiam incomodar a massa. Manipulação? Péssima interpretação da realidade? Cada qual com sua conclusão... Eu pretendo agora seguir uma veia mais cômica que o usual, afinal se todos riem da desgraça, por que eu tenho que ser diferente?

Vamos lá! No elenco da novela vemos um desfile de atrizes bicentenárias que quando piscam a perna levantam, nem tento imaginar como e por onde saem suas excreções, seria perigoso e nojento. Neste contexto, vale lembrar que o Brasil é referencia mundial em operações plásticas estéticas.
Vemos também uma parte da boa safra de atores levantando sua graninha pra sobreviver quando tentarem produzir arte de verdade. Todo mundo precisa comer, inclusive artista. Entre eles posso citar Caio Blat, Lázaro Ramos, Debora Falabela, entre outros. Lembrei de outra boa tirada, a desmentida relação amorosa do Lázaro e Wagner Moura. Em novelas seguidas cada qual disputa quem come mais atrizes numa única novela.
Dói pensar que a maior produzão cultural brazuca, que inclusive é exportada pra o mundo, é essa aí. É cômico ver que a cada novela mudam a cidade onde se passa, mas a maioria dos personagens tem sotaque carioca. Sabemos o motivo, mas deixa pra lá.

Quase esqueço, mas comecei a escrever por que vi coisas insanas e hilárias ao mesmo tempo. Uma tal universidade particular - que todos sabem ser a galinha de ovos de ouro do momento no nosso Braza - ter uma manifestação popular de movimentos sociais fictícios onde mostra claramente a ironização da classe dominante pela saída viável da maioria, estes próprios movimentos. Ironizam aquilo que os amedrotam, ridicularizam suas vitimas, acham que é brincadeira, e uma das divas anciãs os generaliza denominando-os baderneiros. O fato que pode parecer realidade, é a própria forma como os próprios burgueses se manifestam, usando massa de manobra sem clareza ideológica alguma.

O show de horror é digno de dó... E ainda tem o Pedro caminhoneiro fazendo a vez de líder comunitário. Quase esqueço da Som Livre que continua tentando empurrar a filhinha da Elis em todas as trilhas sonoras.

Quase esqueci de citar o serviço social prestado... Penso que à propósito de tirar os maridos dos botecos, apelam pesado pra putaria, colocando sempre no enredo um personagem como prostituta e várias cenas de inferninhos e ou putas semi-nuas.

Tenho que fechar dizendo que fecho com a Marilene Felinto quando ela diz que para essa nação parar de rumar ao abismo a Rede Globo, Folha de Sao Paulo, Veja e etc precisam ser extintas.
Enquanto o valor da vida humana bate recordes de queda na bolsa, alguém por aí teve estar filmando mais alguns capitulos da desgraça pra vender como ficção, e se você não comprar a idéia, será apenas mais um louco como eu, que se sente mal ao fazer parte dessa minoria que tem acesso a informação e se frustra a cada tentativa de encontrar uma saída pra isso tudo.