terça-feira, dezembro 04, 2007

A educação e a pressa

A correria da vida nas grandes cidades, caracteriza-se pela informalidade, pela pressa e pelas mudanças constantes, principalmente de humor. A educação que nos doutrinava aos hábitos até pouco tempo bastante difundidos, hoje é cobrada erroneamente pelos pais como uma das disciplinas escolares.

A carta escrita a mão foi substituída por mensagem via e-mail. A conversa com amigos e vizinhos virou chat, telefonema. A impessoalidade toma conta das relações humanas.

Poucos homens permanecem puxando a cadeira para suas companheiras ou abrindo a porta do carro para elas, o romantismo foi extinto. Ao ser educado, corre-se o risco de confundirem com cortejo, e cá entre nós a banalização das relações sexuais atingem níveis assutadores. Há muita presa - a maldita presa pra tudo - em começar, consumar e terminar os relacionamentos. Tal como troca-se de roupa. Prestar atenção no companheiro, identificar seus anseios e os tesouros de seu mundo íntimo, tudo isso é obviamente demodê.

Tal descuido com a essência do ser humano está presente em praticamente tudo.

Eis a pressa para tudo. A mesma pressa e urgência que extinguiu a refeição à mesa com a família. A presa que ignora os sinais de transito, entre outras coisas.
E tal urgência descontrolada faz com que regras básicas de educação sejam constantemente ignoradas. Os cumprimentos, quando existem, são lacônicos e despidos de calor. Uma palavra mal posta é de pronto devolvida, e há quem acredite que ter resposta à tudo de bate-pronto seja até uma virtude (repensei isso recentemente). Desconsideramos se o interlocutor enfrenta algum problema e por isso se manifesta com rudeza.

E o mais interessante, pra tudo há pressa, e a na grande maioria das vezes, a presa nem mesmo se justifica. Basta se questionar.

Nesse contexto, desentendimentos surgem à toa e rápido degeneram em antipatias e inimizades. Pois parece ser mais fácil julgar, responder e reagir de plano. E claro, acabamos por nos sentir mal ao ser julgado por outrem. Refletir, ponderar, compreender, preservar e aprofundar vínculos demanda tempo.

Ok Sr. William (o Buda), é difícil ignorar as pressões do mundo moderno, sei sei sei... Globalismo, competitividade, empregabilidade, neo-liberalismo, capitalismo, blábláblá... há inúmeros conceitos que inspiram a pressa. O mundo gira num esquema que exige isso e pra que mesmo?

Às vezes até a explicam, mas não a justificam, no trato com o semelhante. A tamanha falta de educação generalizada. Afinal, a afoiteza não pode justificar converter-se o homem em uma máquina desprovida de sentimentos. Para permanecer civilizado, é preciso preservar um pouco da tradicional e boa elegância. Ao contrário do que talvez sugira, o termo elegância não implica forçosamente a adoção de vestuários requintados e gestos "suspeitos". Segundo o dicionário, um dos significados de elegância é distinção de maneiras. Ser elegante é ser distinto, atencioso e polido. É prestar atenção nas necessidades dos que o rodeiam e tratá-los como pessoas importantes (tal como a si próprio), lembra-se do tal Cristo e suas lições?! Pois é!. Elegância implica abster-se de expressões rudes e não se envolver em discussões ácidas e ferinas desnecessárias. Elegante é não falar dos ausentes, é não ser uma presença desagradável aos demais. Ser elegante é nada mais do que ter educação!

Para quem responde tudo ao pé da letra e não costuma “levar desaforo para casa”, ser elegante constitui um grande desafio. Contudo, quem fala e age sem pensar, cedo ou tarde se arrepende e percebe que fez bobagem. Atos impulsivos e grosseiros destroem oportunidades pessoais e profissionais. Ninguém gosta de estar perto de um ogro. Mas você jamais se arrependerá de ser educado, pois se a rudeza se fizer necessário, ela pode ainda ser um ultimo recurso. Talvez no princípio estranhe não responder quando provocado. Ser gentil e prestativo em face de ofensas e grosserias demanda uma boa dose de disciplina e muito, mas muito CULHÃO (pensaram que eu não usaria nenhuma palavra "deselegante"?!). Mas você colherá os melhores frutos desse novo tipo de comportamento. Quem o maltratar fatalmente ficará constrangido, ao perceber o "esmero" de sua educação. E gradualmente um novo padrão de conduta se estabelecerá em torno de você.

Se puder, apenas reflita sobre isso... Talvez devolver ao mundo o que o mundo lhe dá, seja nivelar por baixo e desta forma, meu caro (a), você não pode cobrar nada de ninguém.