quinta-feira, março 09, 2006

Sinhá Moça

Seria idiotice pensar que a Rede Globo é insana ao regravar Sinhá Moça. Se eu ainda acreditasse em coincidencias seria mais fácil de pensar que a sequencia televisiva Escrava Isaura, Chica da Silva e Sinhá Moça não formam a triologia da Elite querendo repudiar os movimentos anti-raciais.

Não faço apologia nem pra um lado nem pra outro, o fato é que a lei Aurea foi assinada à lápis. Nunca ouve libertação de verdade. Pra piorar, a miscigenação promoveu o a discriminação sócio-econômica, o despotismo, discriminação e preconceito, palavras que velam o racismo.

Só vi negro ser protagonista de alguma produção brasileira quando este é criminoso, tal como "O homem que copiava", "Madame Satan", "Cidade de Deus", etc. É Incrível que sempre que alguma novela trata a questão escravocrata, os heróis são brancos. Até quando seremos insultados com tais hipocrisias?

É importante também deixar claro que mesmo que os agentes transformadores da sociedade sejam negros, quem escreve os livros de história não são. Logo quem recebe os créditos nunca será Zumbi, Dandara, Lampião, Chico Mendes, Antonio Conselheiro, etc. Sempre viram mitos, não história!

Mas o que vale ficar atento é que tanto Zumbi dos Palmares quanto o Che Guevara tinham educação, sabiam ler e escrever (de verdade!), não estudaram nas escolas públicas de hoje, e não assistiam novelas.

Eles não eram aqueles coitados da novela que levam chicotadas pelas costas. Aliás, chicotada pelas costas é uma boa definição do que os poderosos continuam fazendo com o povo.

Não podemos justificar esse retorno das novelas épicas escravocratas apenas como uma maneira de atender às quotas para negros atuarem nas novelas, o que por si só já seria mais do que ridículo. Somente conseguiremos mudar tal realidade de maneira efetiva no dia em que os negros passarem a escrever a história do Brasil também com tinta e papel, nos livros. Chega de lustrar sapatos dos outros e assinar com o polegar!

Coragem e Fé!


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