quinta-feira, abril 13, 2006

Hipocrisia

Também estou cansado, cansado de tentar compreender a lógica das coisas, os fatos retratados por profissionais da mídia que se intitulam jornalistas.

Hipocrisia. De tanto utilizar tal palavra, eu acabo por me convencer que o sistema político brasileiro seria coerente se utilizássemos o termo Hipocrisia também para defini-lo. Creio não ser necessário enumerar os motivos.

Sinto-me muitas vezes, num mesmo dia, envergonhado. Envergonhado sim, por ter uma origem humilde e ter conseguido um diploma de terceiro grau, por ter acesso a Internet e ganhar mais de 5 salários mínimos, carteira assinada, direito ao voto e liberdade de expressão. Tenho vergonha de ter um vago senso político e discernimento sobre algumas questões que tangem o social. E permanecer inerte, correndo o risco de entregar esse mundo que vivemos aos meus descendentes.

Assim como o Lula, não sou, nem jamais seria um advogado, médico, economista, sociólogo ou coisa deste gênero. Desde de cedo tenho consciência de que não conseguiria estudar para descobrir as brechas da legislação para tutelar uma criatura que matou os próprios pais a pauladas. Tão pouco, teria coragem de vender soluções milagrosas para resolver problemas estéticos para alguém que não precisa. Embora tenha conseguido alguns avanços econômicos na vida particular, nunca consegui entender por que o nosso combustível é mais caro que aquele que está sendo disputado à pólvora no Iraque, nem como a carga tributária possa continuar aumentando junto com os juros que garantem o lucro dos bancos estrangeiros, e sigo não querendo entender. Por fim, jamais seria um sociólogo, com medo de perder a noção sobre o mundo que adquiri na escalada social predatória, muito embora seja impossível esquecer a favela, a violência, a ignorância e o preconceito, para ficar apenas divagando sobre como seria se, ou senão se. Sem generalizações, o fato é que a hipocrisia e corrupção não é exclusividade da classe política, é cultura nacional.


Numa sociedade que para se respeitar crianças e idosos precisamos criar estatutos, realmente não posso contar com os valores essenciais do ser humano, quanto mais com essa tal honestidade alheia que, não é de hoje que está fora de moda.


Em alguns momentos, me questiono se vale mesmo à pena, ser digno, se preocupar com o próximo, ter consciência e representar apenas um medíocre a menos nesse mar de lama.


Enquanto não mudo minhas convicções, continuarei acreditando que o operário deve continuar se esquivando por mais quatro anos na berlinda chamada presidência da republica, mesmo que figurativamente.




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