quinta-feira, setembro 11, 2008

Gabo

Não consigo fugir, até meus últimos dias questionarei a ordem das coisas. Não aceito as decepções desnecessárias, as atrocidades e continuo achando que as coisas podem ser melhores, mesmo que as cartas sejam marcadas, que o jogo já esteja perdido antes de começar. É muito fácil se sentir bem com o conforto ilusório que nos leva a escravidão cotidiana, comprando os produtos e idéias por osmose eletrônica.
Dia após dia as ameaças aumentam, os profetas e malucos que tentaram nos alertar levaram chumbo, os de hoje são destruidos por sub-letrados que escrevem para os analfabetos funcionais mundo à fora ou vitimas de drogas contaminadas. Imagine um mundo sem religião? Eu tenho um sonho... Que o brilho dos olhos sejam mais importantes que a cor da pele, e apesar de todas as atrocidades desse mundão louco nunca perderei a ternura, jamais.
Eles podem ter a grana, ter o poder, mas e depois? Perdoar, mas de que forma?
Se essas letras ecoassem como meus devaneios imaginam, alguém choraria de fome, gritaria de dor, pediria socorro até perder a voz e seria privado de tudo roubou.
Lembro de uma música que diz que depois do inverno a primavera chega, queiram ou não os poderosos, mas às vezes questiono se o sol vai continuar nascendo por muito tempo.
O saco já não se cabe mais de tantos absurdos dia a dia, tantas são as futilidade pra esconder que somos medíocres, seja com idéias vegetarianas ou a camiseta branca da passeata hipócrita.
Ontem um desconhecido me perguntou? - Você já tem filhos? - respondi que não, e o fulano completou: - Então compre um cachorro.
Puta que o pariu, me dê licença, onde fica o banheiro?
Descartável, descartável, tudo é descartável. Ninguém precisa de ninguém, todo mundo é independente até conhecer o terapeuta e com sorte viverá melhor o visitando pelo resto da vida.

Outro dia li um discurso de Gabriel Garcia Marquez, e o que marcou foi o seguinte:

"Me recuso a admitir o fim do homem, tenho consciencia plena de que pela primeira vez, desde a origem da humanidade, o desastre colossal já professado há muitos anos, hoje se resume a uma simples constatação científica. Diante da terrível verdade, que aos meus pais pareciam mera utopia, os inventores de fábulas que em tudo acreditamos sentimos que temos o direito de crer que ainda não é "too late" para comerçarmos a criação de uma utopia contrária. Uma nova e arrasadora utopia de vida, onde ninguem possa decidir por outros até na forma de morrer, onde realmente seja certo o amor e a possivel felicidade, e onde as elites condenadas a cem anos de solidão tenham finalmente e para sempre uma segunda oportunidade sobre a terra."

E quem me trouxe às mãos tal texto, foi a coluna mensal de Fidel Castro- aquele que insistem sem sucesso em convencer-me que seja um monstro - ao citar seu amigo Gabo, que iniciou sua carreira como modesto joranlista da agencia de noticias cubana, sugerida pelo saudoso Che.

Salve ao DJ Primo, mais um da resistência que partiu essa semana!
E uma cusparada na cara d'aqueles que só fazem peso na Terra e só pensam no próprio umbigo.

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