terça-feira, junho 27, 2006

Leitura, a principal arma do PCC.

Várias semanas após o sangrento embate no Estado de São Paulo, entre representantes armados do poder público e a organização carcerária denominada PCC, as coisas começam a ficar claras e eu me arrisco menos ao afirmar que a saída para os problemas do Brasil é a leitura. Sem demagogias ou pseudo-intelectualismo.

Se você está lendo este texto, e ao menos possui a capacidade de compreendê-lo, sinta-se um brasileiro privilegiado. Minha afirmação de baseia em fatos, os quais colocam o líder do Primeiro Comando da Capital, de alcunha Marcola, um intelectual autodidata formado e pós-graduado no crime desde a mais tenra idade como um verdadeiro gênio, por ter lido mais de três mil títulos. A maioria na cadeia. Não me excederia se indagasse onde ele aprendeu a ler. Tão pouco me estarrecem os atentados por ele ordenados, nem a represália da polícia, frieza minha?! Claro que não, essa é só a ponta do Iceberg...

A leitura pode esclarecer e educar. A leitura fomenta sonhos, auto-estima, conhecimento e capacitação. Coisas tão em voga ultimamente.
Lendo seriamos capazes de evitar as pizzas que embrulhamos a cada CPI, de formar líderes comprometidos com a população, seria capaz de instruir todas as pessoas a não aceitar as migalhas do nosso próprio suor ofertadas como esmola através do sucateamento da saúde e educação pública.

Se nossos avós e pais lutaram pela liberdade de expressão, no fundo creio que eles gostariam de escrever tudo aquilo que hoje não lemos (se é que não escreveram). O hábito de ler desvendaria que não existem apenas o Jornal Estado de São e Paulo, o Globo e a revista Veja, as novelas deixariam de ser interessantes e o Faustão talvez pedisse demissão. Haveria maior procura pro bibliotecas a bocas de fumo. Saberíamos que existem outras opções à total alienação. Se lêssemos, saberíamos a diferença entre reivindicar e reclamar, entre viver e sobreviver, e a semelhança entre político, criminoso e policia.

A leitura poderia capacitar alguém coerente para dirigir uma força bélica, chamada Polícia Militar, ou de evitar que o Marcola viva do lado do Beira-Mar. A leitura conseguiria evitar todos os problemas sociais que se enveredaram, rolaram morro abaixo como uma grandiosa bola de neve e culminou no segundo levante do PCC.

A leitura criou o Monstro Marcola, a falta dela criou um povo mudo, estático, eternamente vítima, e uma classe dominante, mesquinha, burra e incapaz de compreender que matar o povo significa matar sua fonte de renda.

Eu poderia concluir estas linhas questionando quantos livros nossos líderes, eu ou você já lemos. Nem questionaria quantos livros os policiais militares lêem em média, bobagem. Mas displicentemente reafirmo que o problema não é o sistema carcerário, ou a morosidade da justiça, ou a total descrença com os poderes públicos, nem o nível de mediocridade que o nosso Estado alcançou, muito menos a elite branca e alienada, nosso problema é o analfabetismo. Não há outro meio de reverter tal situação sem leitura, se alguém lesse, entenderia que não há precedentes de tal afronta em nenhuma guerra civil da história contemporânea.


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