segunda-feira, julho 23, 2007

Toinho perguntadô

Bi-rim-bim-bim Gongojámê!

Segue o cortejo de Toinho, hómi honesto e digno baiano. Sofredô, trabaiadô, pai de 9 filhos. Vivia da lovôra, os fio hómi dele tá tudo no Sul, tentano a sorte nas cidades de pedra e aço.

Bi-rim-bim-bim Gongojámê!

A cachaça é por conta da fâmia. O festa nos velórios é homenagem ao defunto. É o jeito de deixar a tristeza afogada em algum lugar onde a ressaca trará à tona no dia seguinte.

Bi-rim-bim-bim Gongojámê!

De Toinho, boas lembranças, bons exemplos.

Bi-rim-bim-bim Gongojámê!

Toinho lá ni São Paulo faria sucesso. Pra Toinho não existia meia verdade, inverdade ou conversa fiada. Toinho gostava de tudo às claras, era filho de xangô e yemanjá.
Era Toinho que cansava as entidades do terreiro com milhares de perguntas, o chefe da casa sempre o chamava de Toinho perguntadô, ele questionava tudo, tudo mesmo.

E agora, vestindo seu terno de madeira, com a benção de todos os santos, o descanço merecido. Seu talentoso netinho pensativo no canto do velório, entre a cantoria das senhoras num cômodo e os goles de cachaça no outro. Em sua mente muita perguntas:

Será que já terminaram de beber o corpo do Painho da Bahia? Será que vô Toinho ficou triste com a morte do outro Antonio?
O que será da Dinastia Magalhães? O que será da pobreza de minha família?
Será que o netinho dele aguenta sozinho em Brasília? Será que eu guento a lida sozinho na roça?
E agora, o que fazem os baianos "hipnotizados" desde a ditadura?
Será agora o momento de aparecem "os novos baianos" na politica local?
E aquele papo de que com o Dono da Bahia o estado cresceu mais que o vizinho na mão da dinastia do ex-presidente, tem como sustentar?
Limbo, purgatório, umbral ou inferno?
Será o ínicio de um novo feriado no calendário baiano?

- Simbora bebê, vai sabê quando a puliça do véio subirá a ladeira de novo... - resmunga alguém na varanda.

Uma resposta o Neto tem, pêsames, sentimentos, bláblábá?!! Não!!! Sem chance... com ele é sem massagem, calos nas mãos, pobreza estampada no rosto e um pouco de ódio pra aguentar o dia-a-dia de um baiano de verdade com o velho e cansado sorriso no rosto.
Na alma, rancor, desilusão e frustrações. A seca de seu coração nunca foi iludida com as promessas dos senhores de engenho, assim ensinou o Vô Toinho, Toinho perguntadô!

Simbora bebe!

Bi-rim-bim-bim Gongojámê!

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