segunda-feira, setembro 24, 2007

Tropa de Elite II - cont...

Foi uma ótima experiência escrever sobre algo que ainda não havia visto.
Percebi que minha visão sobre a polícia não é nem um pouco equivocada, porém o filme traz mais informações pra confirmar e compor o cenário da situação das instituições públicas responsáveis pela segurança pública. Um argumento muito forte do filme que vale à pena pensar é sobre as prioridades das instituições, ou seja, eles se preocupam antes de mais nada com os problemas internos eles, depois com as ordens das classes políticas, depois com os "acordos" de arrego/propina, o qual coloca os Aspirantes nas condições que citei anteriormente: Ou o cara aceita ser corrupto, ou se omite, ou ainda... vai para a guerra e em nenhuma delas, é possível valer a lei. Enquanto a ultima, a guerra, só lhe permite uma sobrevida se o oficial for capaz de "aplicar a lei sumariamente", mesmo transgredindo a própria lei, a qual não prevê a pena capital.
E em ultima instância, a preocupação da policia militar é para com a população e sua segurança.

Outro fatores importantíssimos, são as facetas das ONGs, da classe média e da indefectível população da Zona Sul que mal entende os pobres e viciados noticiários televisivos e ou dos jornalecos direitistas que se preocupam apenas em vender.

Os extremos e estereótipos do filme são fantásticos, gostei do enredo, da fotografia, da trilha sonora (Tihuana), do elenco e mais uma vez tenho que tirar o chapéu para o Wagner Moura.

Desde o momento que vi o filme até agora, revivo na minha cabeça uma raiva terrível, que transcende várias questões como a própria criminalização dos viciados em drogas, o cotidiano violento do qual eu escapei, mas muitos amigos de infância não. Também volto a me auto-questionar quanto a ascensão social obtida com tanto sacrificio e trabalho, a qual me tirou das estatísticas e me integrou à famosa classe média. E é aí que moram os conflitos, pois essa classe média que convivo é tão tapada e ignorante que não consegue compreender a própria burrice e culpa no que diz respeito à "questões sociais". Gastam mais num jantar do que o montante que pagam para seus empregados e não querem que os filhos destes tenham má índole e vivam na marginalidade.

Num resumo, poderia dizer que o filme expressou uma séria de questões que demandariam diversos debates. Mas as próprias circunstâncias do filme denunciam a diferença entre a vitima rica e a vítima pobre da violência. A primeira merece sempre cobertura televisiva e protestinhos com camisas brancas. Já o segundo, é um alívio para o Estado burguês, que pensa que um pobre morto é um pobre a menos. ERRADO!!! Um pobre morto ou preso representa no mínimo um orfão a mais (promissor bandido), sem considerar, é claro, o circulo-vicioso da justiça feita à bala dentro dos bairros que há tempos não acreditam nas intituições que se não os ignoram, os humilham constantemente.

Fecho reafirmando que no meio dessa porra toda, salvo raras exceções, só morre pobre, seja ele traficante, policial, trabalhador ou não.

Um comentário:

Anônimo disse...

O homem está sempre a serviço da Economia [seja legal ou ilegal]. A Economia, a serviço de pouquíssimos, detém o poder sempre.