quarta-feira, agosto 23, 2006

Quem for inocente que aperte o gatilho primeiro


Se Cristo voltasse hoje e resolvesse nascer em sampa, seu discurso mudaria...

Novo livro do Ferréz “Ninguém é inocente em São Paulo”. Depois dos Títulos Capão Pecado e Manual Prático do Ódio, ainda com sua narrativa na dialética da quebrada.

Ferréz revela o cotidiano trágico, patético e por vezes cômico da periferia em livro de contos inéditos


Sessão de autógrafos: dia 31 de Agosto a partir das 19:oo hs na Livraria Cultura/ Conjunto Nacional, Avenida Paulista.

Ainda não li o livro, mas pelo que andei vendo no blog do autor e nos passeios pela Internet, os personagens trafegam por lugares que vão desde as vielas sangrentas do Capão até as mansões do alto escalão. Pra variar, os contrastes servem para evidenciar o óbvio. A rotina humana pode ser muito interessante quando a vemos em personagens e ângulos distintos. Enquanto um rola na sua cama king size com lençois de seda e não consegue dormir, outros dormem cansados e sonham com dias melhores, sem ao menos conseguir ser utópico, pois seus sonhos são pequenos, ao alcance do primeiro, que não faz nem idéia que a miséria do segundo é reflexo das sua própria miséria interior.

Mas se você não tem coragem de se corroer ao percorrer os olhos nas literaturas marginais, tudo bem. Continue na sua erudição, codificada em belas palavras que não possuem significado para as mentes aliciadas pela miséria cotidiana. Ou insista no álibi da ignorância, assista o JN na sua TV de plasma e continue inerte, mesmo que todas as matérias o incomode profundamente. Renuncie. Se entregue. Só não se esqueça que a teoria do caos é a lei que rege a catástrofe megalopolitana de São Paulo, seja no seu ritmo louco, seja nos seus deprimentes contrastes.


Eis o meu convite ao mundo real. Ignore-o por sua conta e risco. (N.do.A)

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu também gosto de literatura marginal. Já me atrevi a escrever coisas assim no passado. Hoje procuro mais significados nas palavras e no mundo, mas no passado esse tipo de narrativa me fascinava muito, por descrever na carne e na pele o que realmente importa.

Link para um texto meu:

http://www.madleo.com.br/contos.mad?21

Essa história trata da tristeza e da doença de um mundo absolutamente controvertido e duro como o nosso.

Leo